segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Ficha de leitura do livro "O Papalagui"


Apresentação do livro “O Papalagui”:
“O Papalaqui” é um livro de comentários/ discursos de Tuiavii, Chefe de tribo de Tiavéa dos mares do Sul, que foram recolhidos por Erich Scheurmann.
Pela pequena introdução que Erich faz, podemos perceber que Tuiavii desconhece que os seus pensamentos foram publicados num livro traduzido para vários países e que não tinha de todo essa intenção. Erich só o fez porque achou que a sociedade deveria conhecer a simplicidade e a maneira de ver o mundo deste Chefe de tribo Tiavéa.
Tuiavii chama ao homem branco europeu “Papalagui”. Ele questiona e critica (não de forma ofensiva) quase tudo na nossa sociedade. Diz que o homem branco se afastou completamente das suas origens, a natureza, e que até chega a renega-las. Ele não compreende porque é que o Papalaqui cobre todo o seu corpo, menos a cabeça e as mãos, com trapos, ou porque é que nunca tem tempo para si ou para estar com as pessoas de que gosta, ou porque é que tem tantas coisas de que não necessita, ou porque é que usa máquinas para tudo, ou porque é ignora as pessoas que passam por si todos os dias, ou os seus valores morais (Tuiavii acha que o homem branco não sabe o que são valores morais devido ao seu afastamento da natureza, cada vez maior ao longo dos anos).
Erich viveu com o chefe da tribo por mais de um ano, como um membro da sua comunidade. E durante todo esse tempo, Tuiavii nunca confiou inteiramente nele. Tudo isto por Erich ser europeu. Tuiavii só se abriu com ele quando conseguiu abstrair-se ou até mesmo esquecer o facto de Erich ser europeu. O Chefe de tribo de Tiavéa apercebeu-se que Erich tinha atingido maturidade suficiente para compreender a sua sabedoria, por isso leu-lhe alguns fragmentos das notas que tomava enquanto visitava os países europeus. Só muito mais tarde é que lhe passou essas notas.


Comentário:
Este livro faz verdadeiramente pensar em tudo na nossa sociedade e leva-nos a questionar muita coisa na nossa sociedade.
Após ter lido o livro achei que o Chefe da tribo tinha razão em tudo o que dizia. Acho que vivemos numa sociedade completamente materialista, com os valores morais todos destorcidos! No geral, não damos valor ao que devíamos. E vamos educando a geração a seguir da mesma maneira. É como se fosse um ciclo vicioso.
Acho que é por isso que o mundo está assim. E acho que é por todos os podres (podres, não pecados) do Papalagui que o mundo vai acabar.

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

As melhores infografias

Podem fazer-se infografias sobre todos os temas: neste, os 150 anos dos comboios



Esta infografia é sobre o terror das praias: o peixe-aranha!

Já não é a primeira vez (e não será seguramente a última) que abordamos, no 10ºJ, a temática das Infografias; vão analisando calmamente e em pormenor as que a seguir se apresentam, porque pode ser que as tenham de fazer sobre o tema do turismo... esta é a proposta. Ao que sei nenhuma ainda foi recusada pela turma. É só uma questão de querer.

Estas são, quanto a mim, as melhores infografias. No entanto, muitas há para ver e analisar
http://2.0.bloguite.com/compilacoes/infografia-a-lista-definitiva.html
Este blogue é magnífico. Não só nas infografias, mas igualmente no design gráfico.
http://noticias.sapo.pt/multimedia/infografias/
Um excelente exemplo de infografias animadas em Sapo Flash Player.
http://pesquisa.sapo.pt/?barra=resumo&location=pt&format=html&q=infografias+sapo&st=local
O Diário de Notícias também apresenta uma variedade interessante de infografias.
http://www.sabado.pt/Multimedia/INFOGRAFIAS.aspx
A Sábado tem infografias a apresentar. Embora de qualidade, têm poucas.
http://pt.wikipedia.org/wiki/Infografia
A wikipedia tem igualmente um post sobre a infografia o que demonstra a sua importância crescente.

Os números do desemprego e a mudança na qualificação

Analisemos os números do desemprego divulgados pela maioria dos jornais de 18 de Novembro. São preocupantes. No entanto, há um factor de optimismo que devemos partilhar entre todos. A procura de qualificação profissional aumentou. Já tínhamos a percepção disto mesmo e o emprego está a mudar. Hoje é muito difícil conseguir um, somente com o 9º ano. Isto quer dizer que aumentou o número de empregados com o 12º ano. Dá mesmo para pensar.

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Uma experiência de aculturação: os Tanna, do Pacífico Sul, por Micael Silva e Cláudio.

Algumas fotos da experiência dos Tanna

Esta é uma história de uma tribo em Tanna, no Pacifico Sul, que após muitas reportagens a Nacional Geografic decidiu dar a oportunidade à tribo de conhecer o mundo. Por isso levaram 5 membros da tribo ( Chefe Mangau, Kamua, Kuai, Sam e namus) a dois países mais civilizados do mundo( Estados Unidos, Reino Unido) onde a tribo pôde conhecer diferentes pessoas , culturas, modos de vida e dar a sua opinião sobre o que deviam mudar.

Quando chegaram à Inglaterra, os Tannas conhecem pessoas, um grupo de agricultores de classe média que criam porcos em Nufolk e interessam-se em comparar o seu modo de criação ao dos ingleses, ficando surpreendidos ao descobrir que os porcos ingleses são inseminados artificialmente. Eles acreditam que animais e pessoas são iguais e a reprodução deve dar-se naturalmente.
Quando vão a um bar beber cerveja e jogar dardos ficam chocados ao ver um grupo de ingleses bêbados.
Na América conhecem cowboys, fazem uma viagem até Nova York para verem a cidade que acolhe 8 milhões de pessoas, dão um passeio pelos subúrbios americanos, vão a Los Angeles, divertem-se a conhecer pessoas em discotecas e chegam a experimentar como é a vida das Forças Americanas alistando-se um fim-de-semana no exército Americano.
Nas cidades comem hambúrgueres, apanham o autocarro, vão à caça e conhecem as leis de porte de armas, ficando confusos ao saber que qualquer pessoa pode ter uma arma sem qualquer autorização ou licença.
Visto que Tanna é uma ilha remota, esta é a primeira ligação com o mundo civilizado e com pessoas civilizadas desde os anos 50 o que se torna num bom exemplo de aculturação.

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

A Cultura Hippie, Sónia Ferreira

O Movimento e Cultura Hippie

O movimento e cultura hippie nasceu e teve o seu maior desenvolvimento nos Estados Unidos da América. Foi um movimento de uma juventude rica e escolarizada que recusava a injustiça e desigualdades da sociedade americana, nomeadamente a segregação racial. Desconfiava do poder económico-militar e defendia os valores da natureza. Na sua expressão mais racial, os jovens hippies abandonavam o conforto dos lares paternos e rumavam para as cidades, para aí viver em comunidade com os outros hippies.
Dois valores defendidos eram “Paz” e “Amor”. Opunham-se a todas as guerras, incluindo a que o seu próprio país tratava no Vietname. Acreditavam no “amor livre”, quer no sentido de “amar o próximo”, quer no de praticar uma actividade sexual bastante libertária.
Outro aspecto valorizado era o uso de drogas, o que foi facilitados pelo surgimento de drogas químicas, tais como LSD, que no início não foi considerado perigoso nem de uso interdito. Os hippies alegavam que as drogas ajudavam a “abrir a mente”.
A música pop, com as suas baladas melodiosas, e a música rock com os seus ritmos fonéticos, constituíram um meio poderoso para a expansão da filosofia hippie. Escrita sob o efeito de drogas e ouvida nas mesmas circunstâncias, julgava-se que a música tinha um efeito libertador da mente.
O símbolo da paz foi desenvolvido na Inglaterra como logótipo para uma campanha pelo desenvolvimento nuclear, e foi adoptado pelos hippies americanos que eram contra a guerra nos anos 60.

Contraculturas, Partidos e Migrações - Rita de Castro







CONTRACULTURAS:
Hippies - movimento de contracultura dos anos 1960 entrando em queda de popularidade nos anos 1970 nos EUA. Usavam do consumo de drogas. As questões ambientais, a prática de nudismo, e a emancipação sexual eram ideias respeitadas recorrentemente por estas comunidades. Uma das frases associadas a este movimento foi "Paz e Amor" (em inglês "Peace and Love").

SUBCULTURAS:
Partidos Políticos – Ex.: Bloco de Esquerda (BE) - Fundado em 1998 depois da fusão entre o Partido Socialista Revolucionário (PSR - trotskista), União Democrática Popular (UDP - marxista-leninista-estalinista), o Política XXI (PXXI - marxista-leninista) e a Frente de Esquerda Revolucionária (Ruptura/FER - trotskista), o Bloco de Esquerda assumiu-se como um movimento de ruptura dentro do panorama político português. Abordando questões fracturantes, como os direitos dos homossexuais ou a despenalização das drogas leves, o partido cresceu, sobretudo nos meios urbanos. Nos últimos anos, perdeu uma parte do verbalismo que o caracterizava e aproximou-se mais do perfil dos partidos tradicionais. Apesar de não se assumir como líder, Francisco Louçã é a figura mais destacada do partido. O Bloco de Esquerda conta actualmente com dezasseis deputados na Assembleia da República, duplicando assim a sua representação parlamentar.

ACULTURAÇÃO:
Migrações - Tiveram lugar, em todos os tempos, e numa variedade de circunstâncias. Têm sido, tribais, nacionais, de classes ou individuais. As suas causas têm sido políticas, económicas, religiosas, ou por mero amor à aventura. As suas causas e resultados, são fundamentais para o estudo da etnologia, história política ou social, e para a economia política.

Subculturas, contraculturas e aculturação, por Fábio Vasconcelos, Filipe Silva e André Fernandes


Contracultura

Contracultura é um movimento que tem o seu auge na década de 60, quando teve lugar um estilo de mobilização e contestação social e com ele novos meios de comunicação em massa. Jovens que inovam estilos, voltam-se para o anti-social aos olhos das famílias mais conservadoras, com um espírito mais libertário, resumindo como uma cultura underground, cultura alternativa ou cultura marginal, focada principalmente nas transformações da consciência, dos valores e do comportamento, na busca de outros espaços e novos canais de expressão para o indivído e pequenas realidades do quotidiano.

Subcultura

Na sociologia, antropologia e estudos culturais, uma subcultura é um grupo de pessoas com caracteristícas distintas de comportamentos e credos que o diferenciam de uma cultura mais ampla da qual elas fazem parte. São pequenos (grupos) ou uma cultura não totalmente desenvolvida, grupos que cultivam, preservam as mesmas ideias relacionadas com as estética, religião, ocupacional, política, sexual, ou por uma combinação desses factores e etc. A subcultura pode se destacar devido à idade dos seus integrantes, ou por etnia, classe ou género.

Aculturação

Trata-se de aculturação quando duas culturas distintas ou parecidas são absorvidas uma pela outra formando uma nova cultura diferente. A aculturação também pode ser a absorção de uma cultura pela outra, onde essa nova cultura terá aspectos da cultura inicial e da cultura absorvida.

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Cutura e aculturação: o Papalagui

Podes requisitar o Papalagui na Biblioteca da escola. Vais gostar.

Gostaria que tomassem em atenção este depoimento de uma colega vossa, a Fabiana Moura, que, em 2005, foi «obrigada» a ler este livro pela sua professora de Português. Reparem no que ela diz, antes de ser eu próprio a recomendá-lo para a turma, o que vou fazer, desde já, na próxima sexta-feira. Mas teremos tempo de fazer algumas fichas de leitura sobre a Cultura e Aculturação...
Prof.António Luís Catarino

"O Papalagui"
Comecei por ler este livro por obrigação, porque tinha que o ler para Português, mas logo no capitulo 1º toda essa má vontade em o ler desapareceu. Para quem não sabe, Papalagui significa, o Branco, o Estrangeiro. O livro baseia-se nos discursos de um chefe de tribo: tiavéa de tuiavii. A simplicidade, ingenuidade do seu pensamento, faz com que qualquer pessoa pense de facto no que ele afirma. Tiavéa retrata o Homem Europeu, que para ele, nada tem de bom e de feliz. Tiavéa fala das inumeras roupas com que o Homem Branco cobre a sua pele, das casas em que vive, de como os que possuem demasiado, ou seja, os ricos, nada partilham com os que pouco ou nada possuem, de como o Homem nunca tem tempo e faz de tudo uma profissão, do facto de que a máquina que o Homem inventou em nada se compara com as maravilhas que Deus criou. Tiavéa diz que o Homem quer ser Deus, que quer controlar a água, o fogo, a luz da lua e do sol. E que todas estas coisas fazem o Papalagui (o homem) triste, e Deus mais pobre.

É realmente um livro que nos leva a pensar se a nossa forma de viver será a mais correcta. Não deveríamos nós partilhar a nossa casa com quem não tem? Ou partilhar comida? Será que todas estas "coisas" que possuimos farão realmente falta? Não deveríamos todos nós ter os mesmos direitos? São nestas perguntas que Tiavéa nos faz pensar.

Aqui fica um excerto:
"Que pensaríeis vós, irmãos, de um homem que, possuindo uma cabana suficientemente grande para lá caber toda a aldeia de Samoa, recusasse o seu tecto, por uma noite que fosse, ao viandante que passa? Que pensaríeis de um homem que, tendo nas mãos um cacho de bananas, nem uma só oferecesse ao esfomeado que lha pede? Leio no vosso olhar a indignação e vejo nos vossos lábios um grande desprezo. Pois é exactamente assim que o Papalagui se comporta em todas as circunstâncias da vida.(...)O Papalagui, esse, tem respeito pelo grande numero de esteiras(casas, propriedades) e de porcos que o seu irmão possui, e não lhe interessam para nada."

Assim, aconselho-vos a ler este livro, que eu achei fantástico.

Posted by fabiana_moura at janeiro 22, 2005 09:44 PM

O Menino Selvagem de Aveyron,Tiago Pêgo, Rita Castro, Daniel Pinto, Sónia Ferreira, António Mendonça

As Meninas Lobo, Helder Soares, Francisco Castro, Maria Luis, Tânia Alves

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Guião da Aula de 23 de Outubro. Trabalho sobre As Crianças Selvagens e a tendência genética para a sociabilidade

Escola Secundária Aurélia de Sousa, Porto.

Curso Profissional de Turismo, 10ºJ

GUIÃO PARA UM FILME EM

WINDOWS MOVIE MAKER

  • Vê os filmes (perto de 8 minutos) que estão no post em baixo, debate-os com os teus colegas e professor sobre os meninos selvagens e o papel e influência da sociedade na formação da personalidade e no nosso comportamento.


  • Lê com atenção, as páginas 54 e 55 das fotocópias entregues e revê o que demos nas páginas 52 e 53. Os temas são, como sabes, Humanização, comunidade e socialização. O Grupo. As crianças selvagens e a predisposição (tendência) genética para a sociabilidade.

  • Lê, igualmente, estes artigos sobre crianças selvagens: aqui e aqui

  • Podes também ir pesquisar imagens sobre crianças selvagens aqui

Se já tens informação suficiente e, se o tema te interessou, faz o seguinte:

Tenta escrever um guião para um pequeno filme em Windows Movie Maker (WMM) realizado por ti, com a duração mínima de 2 minutos em que resumas, junto com imagens, legendas (texto) e som o seguinte conceito:

«CRIANÇAS SELVAGENS»

Podes utilizar os apontamentos e notas que tiraste nas aulas de Área de Integração ou socorreres-te das fotocópias distribuídas pelo professor.

Como fazer o guião do filme?

  1. Identifica o caso.

  2. Qual a idade da criança?

  3. Qual foi o comportamento da criança quando foi descoberta?

  4. Qual o nome do/s investigador/es?

  5. Quais as tentativas de socialização e quais foram os resultados?

  6. Tenta formular uma conclusão tua.

  7. Não te esqueças de colocar o teu nome e data no genérico do filme, assim como o título no início.
    Exemplo de um guião:

Para as imagens, texto e som que quiseres guardar, a Coordenadora dos Cursos Profissionais, Professora Rosa Lídia, distribuíu uma pen e um lápis por cada aluno/a. Assim, não terás desculpa para não apresentares o teu trabalho na aula de 26 de Outubro (segunda-feira).

Obrigado e bom trabalho.

Prof. António Luís Catarino

O Menino Selvagem de Aveyron


quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Ficha de Trabalho 1

Clica na imagem para ver melhor
A partir das respostas desta ficha tenta construir uma análise sucinta do que é «Ser Pessoa».

«Ser Pessoa», Fábio Vasconcelos


sábado, 10 de outubro de 2009

O que é uma infografia?

A partir do exemplo desta notícia, do Diário de Notícias de 9 de Outubro de 2009, em que o jornal é premiado pelo seu trabalho na área da infografia, podemos concluir que uma infografia é toda a informação que num espaço relativamente pequeno e bem demarcado se pode ter acesso a muitos dados de leitura rápida e clara. Vamos fazer isto na área do turismo?

domingo, 4 de outubro de 2009

Ficha Diagnóstica 10ºJ. Módulo 1.


Fernando Pessoa - Ortónimo

Figura cimeira da literatura portuguesa e da poesia europeia do século XX. O seu virtuosismo foi, sobretudo, uma forma de abalar a sociedade e a literatura burguesas gasta (nomeadamente através dos seus «ismos»: paulismo, interseccionismo, sensacionismo), ele fundamentou a resposta revolucionária à concepção romântica, sentimentalmente metafísica, da literatura. O apagamento da sua vida pessoal não se opôs ao exercício activo da crítica e da polémica em vida, e sobretudo a uma grande influência na literatura portuguesa do século XX.
Fernando Pessoa ortónimo, seguia, formalmente, os modelos da poesia tradicional portuguesa, em textos de grande suavidade rítmica e musical. Poeta introvertido e meditativo, anti-sentimental, reflectia inquietações e estranhezas que questionavam os limites da realidade da sua existência e do mundo. O poema “Mensagem”, exaltação sebastiânica que se cruza com um certo desalento, uma expectativa ansiosa de ressurgimento nacional, revela uma faceta misteriosa e espiritual do poeta, manifestada também nas suas incursões pelas ciências ocultas e pelo rosa-crucianismo.


Fernando Pessoa – Heteronímia

Os heterónimos são concebidos como individualidades distintas da do autor, este criou-lhes uma biografia e até um horóscopo próprios. Encontram-se ligados a alguns dos problemas centrais da sua obra: a unidade ou a pluralidade do eu, a sinceridade, a noção de realidade e a estranheza da existência. Traduzem a consciência da fragmentação do eu, reduzindo o eu “real” de Pessoa a um papel que não é maior que o de qualquer um dos seus heterónimos na existência literária do poeta. São a mentalização de certas emoções e perspectivas, a sua representação irónica. De entre os vários heterónimos de Pessoa destacam-se: Alberto Caeiro, Ricardo Reis e Álvaro de Campos.

Segundo a carta de Fernando Pessoa sobre a génese dos seus heterónimos, Caeiro (1885-1915) é o Mestre, inclusive do próprio Pessoa ortónimo. Nasceu em Lisboa e aí morreu, tuberculoso, embora a maior parte da sua vida tenha decorrido numa quinta no Ribatejo, onde foram escritos quase todos os seus poemas, sendo os do último período da sua vida escritos em Lisboa, quando se encontrava já gravemente doente (daí, segundo Pessoa, a “novidade um pouco estranha ao carácter geral da obra”).
Não desempenhava qualquer profissão e era pouco instruído (teria apenas a instrução primária) e, por isso, “escrevendo mal o português”. Era órfão desde muito cedo e vivia de pequenos rendimentos, com uma tia-avó.
Caeiro era, segundo ele próprio, «o único poeta da natureza», procurando viver a exterioridade das sensações e recusando a metafísica, isto é, recusando saber como eram as coisas na realidade, conhecendo-as apenas pelas sensações, pelo que pareciam ser. Era assim caracterizado pelo seu panteísmo, ou seja, adoração pela natureza e sensacionismo. Era mestre de Ricardo Reis e Álvaro de Campos, tendo-lhes ensinado esta “filosofia do não filosofar, a aprendizagem do desaprender”.
São da sua autoria as obras O Guardador de Rebanhos, O Pastor Amoroso e os Poemas Inconjuntos.

Ricardo Reis nasceu no Porto, em 1887. Foi educado num colégio de jesuítas, tendo recebido, por isso, uma educação clássica (latina). Estudou (por vontade própria) o helenismo, isto é, o conjunto das ideias e costumes da Grécia antiga (sendo Horácio o seu modelo literário). A referida formação clássica reflecte-se, quer a nível formal, quer a nível dos temas por si tratados e da própria linguagem utilizada, com um purismo que Pessoa considerava exagerado.
Apesar de ser formado em medicina, não exercia. Dotado de convicções monárquicas, emigrou para o Brasil após a implantação da República. Caracterizava-se por ser um pagão intelectual lúcido e consciente (concebia os deuses como um ideal humano), reflectia uma moral estoico-epicurista, ou seja, limitava-se a viver o momento presente, evitando o sofrimento (“Carpe Diem”) e aceitando o carácter efémero da vida.

Álvaro de Campos, nasceu em Tavira em 1890. Era um homem viajado. Depois de uma educação vulgar de liceu formou-se em engenharia mecânica e naval na Escócia e, numas férias, fez uma viagem ao Oriente (de que resultou o poema “Opiário”). Viveu depois em Lisboa, sem exercer a sua profissão. Dedicou-se à literatura, intervindo em polémicas literárias e políticas. É da sua autoria o “Ultimatum”, manifesto contra os literatos instalados da época. Apesar dos pontos de contacto entre ambos, travou com Pessoa ortónimo uma polémica aberta. Protótipo da defesa do modernismo, era um cultivador da energia bruta e da velocidade, da vertigem agressiva do progresso, de que a Ode Triunfal é um dos melhores exemplos, evoluindo depois no sentido de um tédio, de um desencanto e de um cansaço da vida, progressivos e auto-irónicos.
Representa a parte mais audaciosa a que Pessoa se permitiu, através das experiências mais “barulhentas” do futurismo português, inclusive com algumas investidas no campo da acção político-social.
A trajectória poética de Álvaro de Campos está compreendida em três fases: a primeira, da morbidez e do torpor, é a fase do "Opiário" (oferecido a Mário de Sá-Carneiro e escrito enquanto navegava pelo Canal do Suez, em Março de 1914), a segunda fase, mais mecanicista, é onde o Futurismo italiano mais transparece, é nesta fase que a sensação é mais intelectualizada. A terceira fase, do sono e do cansaço, aquela que, apesar de parecer um pouco surrealista, é a que se apresenta mais moderna e equilibrada. É nessa fase em que se enquadram: "Lisbon Revisited" (l923), "Apontamento", "Poema em Linha Recta" e "Aniversário", que trazem, respectivamente, como características, o inconformismo, a consciência da fragilidade humana, o desprezo ao suposto mito do heroísmo e o enternecimento memorialista.
Destaca-se ainda o semi-heterónimo Bernardo Soares (semi "porque - como afirma o seu próprio criador - não sendo a personalidade a minha, é, não diferente da minha, mas uma simples mutilação dela. Sou eu menos o raciocínio e afectividade."), ajudante de guarda-livros que sempre viveu sozinho em Lisboa. Desde 1914 que Pessoa ia escrevendo fragmentos de cariz confessional, diarístico e memorialista aos quais, já a partir dessa data, deu o título de Livro do Desassossego - obra que o ocupou até ao fim. É neste livro que revela uma lucidez extrema na análise e na capacidade de exploração da alma humana.

Questões de Orientação
1. Escreve os traços gerais da personalidade de Fernando Pessoa.
2. Enumera os diferentes heterónimos deste autor.
3. Explica por que razão ele os criou.
4. Estabelece a personalidade de cada um dos seus heterónimos.
5. Diz com qual personalidade te identificas mais.